Nossa História - Tiago Pestana
Crescendo em São Paulo, Brasil, em uma família não cristã, nunca pensei em Deus ou nunca me importei com as coisas espirituais. Quando eu tinha 15 anos, meu melhor amigo decidiu ir para os Estados Unidos fazer intercâmbio. Eu não tinha nenhum interesse nisso, mas ele e minha mãe começaram uma cruzada para me convencer a ir. Depois de um tempo, finalmente aceitei a ideia. Quando chegou a hora de preencher a papelada, escrevi que queria ir para a Flórida e estudar em um grande colégio com uma forte equipe de tênis. Uma semana antes de minha partida, recebi as informações sobre meu destino e minha família anfitriã: Eu iria para Greenwood, na Carolina do Sul. E para piorar, pelo menos foi o que pensei na hora, eu estudaria em uma pequena escola cristã que nunca tinha tido um time de tênis masculino. E para piorar ainda mais, eu moraria com uma família cristã que ia à igreja três vezes por semana. Para um ateu, isso foi um pesadelo.
Na semana em que cheguei lá, descobri que não deveria estar com aquela família. Houve algum tipo de engano, mas eu já estava acomodado, então lá fiquei.
Mas, para encurtar a história, ao longo daquele ano comecei a notar algo interessante. Essas pessoas tinham um amor diferente umas pelas outras. Eles ajudavam e cuidavam uns dos outros. Era o tipo de cuidado que apenas os familiares em geral tinham entre si. Pensei comigo mesmo, quero fazer parte desta família. Antes do final daquele ano em Greenwood, aceitei Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador. Mas, para ser honesto, o significado mais profundo dessa decisão eu só entenderia muitos anos depois.
Voltei para o Brasil, terminei o ensino médio, comecei a faculdade e logo não estava mais andando com o Senhor. Nos 20 anos seguintes, tive apenas momentos esporádicos de leitura da Bíblia, raramente ouvia uma música cristã ou fazia oração. Minha “mãe americana”, Mary Ann, com quem mantenho contato até hoje, sempre perguntava sobre minha caminhada com o Senhor, mas eu nunca respondia de verdade às suas perguntas.
O ano de 2018 veio e com ele, muitas provações. Descobrimos que meu pai estava com câncer, houve mortes de entes queridos, dificuldades no trabalho, minha mãe ficou no hospital por um mês por causa de uma mordida de cachorro e, eventualmente, o que mudou tudo para mim... um problema de coração que num primeiro momento foi diagnosticado como um ataque cardíaco. Depois descobri que não era algo tão grave, mas naquela hora, chegar ao hospital com uma dezena de médicos e enfermeiras trabalhando em mim, foi a coisa mais assustadora da minha vida. Milhares de pensamentos cruzaram minha mente e o medo assumiu. A única coisa que eu poderia fazer, além de tremer, era pedir perdão a Deus, renovar meu compromisso com Ele e me entregar totalmente. Fiquei no hospital por quatro dias e imediatamente comecei minha caminhada com Deus novamente. Foi então que orei para nunca mais andasse desgarrado e nunca esquecesse o que havia acontecido, pois é muito fácil lembrar de Deus apenas nas provações e esquecer quando tudo está bem.
Eu estava feliz e animado, mas logo comecei a sentir dores estranhas pelo corpo. Achei que também tinha câncer, o que felizmente não aconteceu. No meio de tudo isso descobrimos que minha esposa estava grávida. Foi uma alegria tremenda, mas naquele momento, eu estava lutando demais com meus próprios problemas, que essa notícia maravilhosa só aumentou a pressão que sentia, e sucumbi a uma depressão profunda. Meu pai sempre lutou com isso, mas eu nunca imaginei que um dia iria experimentar isso. Quando cheguei ao fundo do poço, soube que era hora de entregar mais uma coisa que eu tinha guardado para mim e minha família... minhas manhãs de domingo. Comecei a procurar uma igreja, que não demorou muito para ser encontrada, e logo o processo de cura de Deus começou. Naquele momento, realmente comecei a entender muitas coisas sobre a decisão que tomei há 20 anos, uma das quais foi a maravilhosa alegria de fazer parte da família de Deus.
Desde então, minha caminhada com Deus tem sido cada vez mais próxima. Luto com a ansiedade de vez em quando, mas isso só me faz lembrar onde está meu centro e esses momentos sempre aprofundam meu relacionamento com Jesus Cristo.
Eu olho para trás hoje e entendo por que Deus não me quis na Flórida, ou por que Ele não me quis em um grande colégio. Também entendi porque tive que viver todas essas coisas. Não estou dizendo que Ele causou essas dores, mas Ele certamente usou tudo isso para o meu bem e Sua Glória. Ele estava cuidando de mim o tempo todo, eu só não via, nem entendia. Ele foi fiel quando eu não fui. Ele nunca desistiu de mim e eu não poderia estar mais grato. Eu não poderia estar mais feliz. Nem sempre podemos entender Seus caminhos, mas como Romanos 8:28 diz: "Ele sempre trabalha para o bem daqueles que O amam." Devemos ter fé nAquele que tudo vê do princípio ao fim, porque vemos apenas pequenas partes. Às vezes vai doer, mas Deus não promete uma vida sem dor nesta, mas Ele promete estar ali conosco, cuidando de nós e cuidando de cada detalhe!